O princípio condutor da estilística deveria ser o fato de que uma pessoa só pode pensar com clareza um pensamento de cada vez; assim, não se pode exigir que pense dois, ou mesmo mais, de uma vez só.
O pensamento puramente subjetivo se refere apenas às coisas que nos concernem pessoalmente, enquanto o interesse objetivo só existe nas cabeças que pensam por natureza, nas mentes para as quais o pensamento é algo tão natural quanto a respiração. Mas mentes assim são muito raras, por isso não se encontram muitas delas em meio aos eruditos.
Só por meio da língua latina havia um público geral de eruditos europeus, ao qual cada livro publicado era dirigido diretamente. Agora o número de cabeças que realmente pensam e são capazes de julgar é tão pequeno em toda a Europa que se enfraquece infinitamente a sua atuação quando o alcance de suas idéias é dividido e compartimentado por fronteiras lingüísticas.
Podemos nos dedicar de modo arbitrário à leitura e ao aprendizado; ao pensamento, por outro lado, não é possível se dedicar arbitrariamente. Ele precisa ser atiçado, como é o fogo por uma corrente de ar, precisa ser ocupado por algum interesse nos assuntos para os quais se volta; mas esse interesse pode ser puramente objetivo ou puramente subjetivo.
O efeito que o pensamento próprio tem sobre o espírito é incrivelmente diferente do efeito que caracteriza a leitura, e com isso há um aumento progressivo da diversidade original dos cérebros, graças à qual as pessoas são impelidas para uma coisa ou para outra.